sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Beijo Adolescente



Não existe época mais complicada em termos de amadurecimento e vivência do que a adolescência. Começa lá pelos doze anos (talvez menos hoje em dia?) e vai avançando e em alguns se torna cada vez pior, como uma verdadeira patologia, que realmente não passa de algo normal, natural. Esta Hq de Rafael Coutinho, fala sobre isso. Não exatamente. Mas pra quem já foi adolescente, ou ainda é, faz todo o sentido. Faz tempo que não sinto uma representação com tal fidelidade ao sentimento de uma idade onde se começa a ver as cores do mundo, sem saber direito como usá-las.

O beijo adolescente acompanha a vida de Ari, um garoto que fez seus doze anos de idade em um mundo em que os adolescentes ganham superpoderes após darem seu primeiro beijo. Essas habilidades especiais são únicas em cada indivíduo, e desaparecem quando se chega aos dezoito anos. Ari descobre aos poucos seu poder, que surge de uma forma um tanto inconveniente.
As coisas não andam muito bem pela cidade em que Ari vive, pois adolescentes estão aos poucos desaparecendo, e a única coisa que se sabe é que uma criatura negra as leva embora, deixando apenas um desenho riscado no chão.
Toda a sinopse soa um tanto fora da realidade, mas a história se apega a realidade de uma forma muito mais fiel do que se imagina. Os superpoderes são tratados tanto como elemento narrativo, quanto uma metáfora para a própria adolescência, que muda tudo na cabeça das crianças, que aos poucos vão notando o mundo a sua volta e criando percepções, que muitas vezes são caóticas. É o momento em que não se sabe o que é, que muitas vezes parece uma merda, mas todos dizem que será o melhor momento da vida. É discutível, claro, mas O Beijo Adolescente me deixou com saudades de se ter catorze anos.
Dotada de uma mistura fantástica de referências, desde a narrativa dos mangás a toques de Watchman, a revista me impressiona muito. Ainda mais pelo tamanho. Enorme, com páginas de tamanho quase A3, recheadas de traços que brincam com o preto e branco e as cores, postas apenas nos adolescentes, que se destacam de todo o resto do mundo, chato, monocromático, adulto.
É. Eu também senti o poder.

Gostou da revista? Se tiver interesse, tenho uma boa notícia: A primeira edição está disponível na íntegra no site. A segunda revista está quase completa, liberando novas páginas duas vezes por semana. Quase tão legal quanto um beijo da aniversariante na festinha do condomínio.

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