[Nota do editor: a resenha contém imagens não aconselháveis para menores de 18 anos]
Antes de Watchmen chegou ao Brasil exatamente 1 ano após sua entreia nos Estados Unidos. Seguindo o modelo de publicação encadernada proposto pela editora assim que as minisséries foram acabando lá fora, a Panini Comics fez um bom trabalho ao lançar este produto de forma tão acessível (R$ 12,90) e com histórias fechadas a cada mês, facilitando a leitura e a compreensão deste aprofundamento singular em personagens e momentos da série original deAlan Moore e Dave Gibbons.
Coruja foi o primeiro personagem a sair em terras tupiniquins. O texto de J. Michael Straczynskié reforçado pela arte de Andy Kubert, Joe Kubert (em um de seus últimos trabalhos antes de falecer em 2012) e Bill Sienkiewicz. JMS é conhecido pelo approach controverso que dá ao colocar sua visão extremamente pessoal nos trabalhos que assume, logo os leitores podem se preparar para polêmicas – neste caso, com mamilos.
Ficha Técnica:
Antes de Watchmen: Coruja
Roteiro: JMS
Arte: Andy Kubert
Arte-Final: Joe Kubert e Bill Sienkiewicz
Capas: Andy Kubert, Jim Lee
(Publicado originalmente em Before Watchmen: Nite-Owl #1-4)
Antes de Watchmen: Coruja
Roteiro: JMS
Arte: Andy Kubert
Arte-Final: Joe Kubert e Bill Sienkiewicz
Capas: Andy Kubert, Jim Lee
(Publicado originalmente em Before Watchmen: Nite-Owl #1-4)
Strazza tenta dar sentido às escolhas e personalidade de Dan Dreiberg, mostrando um pouco de seu passado e do ambiente ao qual fora inserido quando criança no início dos anos 1960. Fruto de uma família repressora, Dan vive no mundo imaginário de heróis fantasiados, cuja força motriz é o Coruja original. Com muita astúcia (muita movida pela necessidade de escapar da dura realidade em que vivia), Dan consegue seguir o Coruja até seu esconderijo e, para sua felicidade, se torna amigo e aprendiz de Hollis Mason.
A partir deste momento a história trabalha com três subplots: o crescimento e desenvolvimento de Dan como herói e pessoa, sua parceria com Rorschach e o primeiro grande caso que ele é obrigado a resolver após se tornar o sucessor oficial de Hollis na identidade de Coruja.
O roteiro de Straczynski falha miseravelmente a dar sentido para história, o que infelizmente tem se tornado uma prática do escritor. Desde que resolveu prometer “consertar” o Superman e publicar uma história muito aquém do esperado (que sequer foi finalizada por ele), o autor tem sido um dos profissionais mais demagogos da indústria americana, prometendo fazer e acontecer, mas levando todos na sua lábia. Quando Before Watchmen foi anunciada nos EUA JMS foi um dos primeiro a vir a público defender a iniciativa, atacando a teimosia de Alan Moore em não aceitar construir estes prólogos e dando uma série de afirmações controversas sobre a necessidade de aprofundamento em algumas pontas da história original, alegando ainda que ao criar a Liga Extraordinária o escriba britânico também usara personagens alheios para benefício próprio. Isto até pode ser verdade, mas ele mesmo não atingiu este objetivo. Verdade seja dita, de grande colaborador da ficção científica com Babylon 5, JMS cada vez mais tem passado ares de enganador.
Straczynski teria sido mais feliz se investisse mais no personagem principal e transformasse Dan num personagem multidimensional. Ao contrário, o autor prefere dar mais dimensionalidade aRorschach (que teve sua própria minissérie escrita por Brian Azzarello) do que contar uma história completa do verdadeiro protagonista da minissérie; o maior erro de Stracza é dar metade do espaço da série para Walters Kovacs, o que simplesmente não tem cabimento com a proposta original da minissérie que era contar a vida do(s) Coruja(s). Todavia a obra como um todo não é um caso perdido.
Todas as escolhas que JMS fez para narrar o conto do Coruja são acertadas, o único problema é que nenhuma delas foi bem executada e aprofundada da maneira adequada. A mais interessante destas escolhas é o desenvolvimento de Dan como pessoa; começando com clichês típicos de pai violento e mãe submissa, JMS mostra Dan mais tarde como um adulto perturbado e mal desenvolvido, com a descoberta sexual especialmente reprimida pela vida passada que teve.
Ao lançar luzes sobre o romance dele com a Twilight Lady (cujo aprofundamento é a melhor parte da história, pois é a única que realmente acrescenta algo à obra original), Straczynski mostra algo muito especial para o personagem e para muitos leitores: o desenvolvimento da própria sexualidade com uma mulher experiente e disposta a contribuir para este (sem trocadilhos) crescimento. Se JMS não tivesse sido tão superficial nas outras subtramas como não foi nessa a história seria muito mais agradável e daria a sensação de acréscimo que prometia.
Felizmente a arte dos Kuberts é um brilho para os olhos dos leitores. Visualmente a história é muito bem cuidada, da capa até a última página. Desde a dinâmica de quadros à retratação de emoções e sensações dos personagens, os Kuberts fazem algo particularmente especial com este trabalho. Se o leitor se sentiu desanimado pelo que foi dito sobre o roteiro, o visual por si só compensa a aquisição do encadernado. Cada página é um verdadeiro deleite, servindo como prova de que o velho Joe foi um profissional dedicado até nos últimos minutos de sua vida.
post de Morcelli do terrazero
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