Uma das histórias mais recontadas dos quadrinhos é a origem do Superman. Entre as inúmeras versões já escritas algumas se destacaram nas mais de sete décadas de existência do personagem, como Superman – O Homem de Aço, de John Byrne; Superman – O Legado das Estrelas, de Mark Waid e Leinil Francis Yu; e Superman – Origem Secreta, de Geoff Johns e Gary Frank, todas leituras que recomendo muito por apresentarem elementos que enriqueceram a mitologia do personagem.
Grant Morrison sabiamente preservou a essência do mito de origem do Superman, como a destruição de Krypton e a fuga de seu último filho para a Terra, e sua adoção por um casal humilde e bondoso. Os acréscimos feitos pelo autor foram mais com o intuito de enriquecer os significados simbólicos já presentes na maioria das versões da origem do herói, e dar mais peso e importância à sua herança kryptoniana.
KRYPTON
Os kryptonianos eram uma raça de seres que alcançaram o equilíbrio entre o desenvolvimento físico e intelectual. As mulheres se pareciam com super-modelos e os homens tinham porte atlético e músculos desenvolvidos. Todos vestiam roupas com design sofisticado e funcional. Um exemplo são as tiaras que usavam, que eram tanto um adereço como um aparelho de comunicação portelebandas, uma espécie de telepatia artificialmente gerada, uma extrapolação de nossos celulares. Neste mundo convertido num paraíso científico até mesmo os objetos de decoração tinham funcionalidade, como os robôs mordomos que também funcionam como luminárias ornamentadas na festa que Lara frequenta nas primeiras páginas de Action Comics #3.

Outro ponto a ser observado é que os kryptonianos usavam sua tecnologia para controlar as forças da natureza. Voltando à festa em que Lara é vista em Action Comics #3, encontramos uma plataforma flutuante com vários níveis, cada um com uma gravidade própria (tudo isto é explicado nas páginas extras da edição #2). É um leve toque de ironia da parte de Morrison, pois nem com todo este aparato tecnológico os kryptonianos foram capazes de impedir a tragédia que se abateu sobre seu planeta. Na verdade nem tentaram, pois zombavam das previsões alarmantes de Zor-El.
Mais curiosidades sobre Krypton:
- Lex Luthor descobriu o nome do planeta de origem do Superman antes dele. Ele teve acesso a esta informação através da entidade alienígena conhecida como Colecionador de Mundos, que entrou em contato com ele antes de invadir a Terra em Action Comics #2.
- Na história complementar de Action Comics #14, escrita por Sholly Fisch, o Superman vê pela primeira vez Krypton sendo destruído, cruzando dados recolhidos por milhares de telescópios espaciais do mundo todo. Na ocasião também é revelada a idade do herói, calculada a partir do tempo que a luz da explosão de Krypton levou para chegar à Terra: 27 anos.
A Destruição de Krypton
Semelhante a versões anteriores, a destruição de Krypton ocorreu devido à crescente pressão de seu núcleo, que se manifestou sem alarde sob a forma de terremotos, e culminou em seu colapso total.Jor-El continua sendo o cientista que previu com precisão as consequências catastróficas destes abalos sísmicos, mas teve suas teorias desacreditadas.
A ruína de Krypton, portanto, é novamente atribuída ao enorme orgulho dos kryptonianos. Crentes de que viviam num paraíso em que a tecnologia os ampararia e impediria automaticamente tais catástrofes. Mesmo suas mentes mais brilhantes foram incapazes de levar em consideração que seu planeta se voltaria contra eles de tal forma.

Esta versão da destruição de Krypton é muito parecida com a vista em Superman: The Animated Series (1996-2000). A diferença é que na série animada Brainiac não recolhe artefatos, mas faz download de todas as informações do planeta (mais detalhes sobre a relação entre o Colecionador de Mundos e Brainiac um pouco mais abaixo, e também na parte 4 desta série de matérias).
Kandor
Diferente das versões anteriores, após miniaturizada e roubada pelo Colecionador de Mundos, Kandor e seus habitantes são mantidos no que o alienígena chama de “condição nula”, um êxtase forçado, uma morte em vida. Não deixa de ser irônico que os únicos kryptonianos fisicamente intactos estão impedidos de continuarem suas vidas, enquanto criminosos kryptonianos “vivem” como fantasmas no Anti-Universo que é a Zona Fantasma.
Depois de transformar a nave do Colecionador em sua primeira Fortaleza da Solidão, o Superman conseguiu retirar artefatos kryptonianos da garrafa de Kandor com a ajuda da tecnologia de miniaturização de matéria desenvolvida pelo Professor Palmer, alter-ego do super-herói Eléctron. Entre os artefatos estão trajes típicos, servos-robôs e taças. Aparentemente é arriscado demais qualquer tentativa de retirar seres vivos da condição nula.
Zona Fantasma

A dimensão conhecida como Zona Fantasma é definida porJor-El como um Anti-Universo. Descoberta por ele, a Zona é um inquietante espaço vazio que transforma todos que são transportados para ela numa presença imaterial. Vez ou outra um prisioneiro da Zona consegue manifestar-se como um fantasma no plano material, mas sem receber dele qualquer tipo de impressão sensorial. Assim, mesmo que alguém mais sensitivo possa enxergá-lo, o “fantasma” é incapaz de ouvir, enxergar e tocar qualquer tipo de matéria. Graças a isto, a Zona passou a ser usada como uma prisão para criminosos kryptonianos.

20 anos se passaram até o Superman entrar em contato com a Zona Fantasma e seus temíveis habitantes, quando foi aprisionado nela pelo Doutor Xa-Du e descobriu o paradeiro de Krypto (mais detalhes sobre este confronto e sobre Krypto nas partes 3 e 4 desta série de matérias).
A CÁPSULA DE FUGA (ou O Brainiac “do bem”)
Um dos principais acréscimos feitos por Grant Morrison à mitologia do Superman nesta reformulação foi aumentar a importância da nave que o transportou de Krypton para a Terra quando bebê.
A Cápsula de Fuga, também chamada de Arca em algumas cenas, foi propositalmente redesenhada para se parecer com uma cesta nesta nova versão do mito. Segundo Morrison, a idéia era remeter a origem do Superman ao mito da adoção de Moisés. A Bíblia diz que, após nascer, Moisés foi lançado no Rio Nilo dentro de uma cesta por sua mãe biológica, por onde viajou até ser encontrado pela filha do faraó. Simbolicamente o Rio Nilo seria o “rio do destino”, segundo a visão de Morrison.
Na origem do Superman a situação é invertida, pais de uma civilização mais avançada tecnológica e culturalmente enviam o filho para um planeta onde ele é encontrado e criado por um casal humilde de uma cultura rural.
O nome pelo qual é referido por Lara, Arca de Fuga, é outra referência bíblica. A idéia inicial de Lara e Jor-El, que nesta versão foram os criadores da nave – ao contrário de versões anteriores em que apenas o pai era o criador – era construir versões maiores para que os kryptonianos abandonassem o planeta antes que ele se despedaçasse. A participação de Lara na criação da Arca de Fuga é outro dado que sugere sua personalidade forte. Ao contrário de sua mãe e sua irmã, vistas rapidamente emAction Comics 3, Lara não era apenas uma mulher submissa ao marido e que vivia ociosamente frequentando festas e fazendo fofocas.

Foi Brainiac que, a pedido de Jor-El, procurou planetas iluminados por sóis mais jovens e com gravidade fraca o bastante para que ele fosse capaz de “voar” com um salto. Este último detalhe foi claramente baseado na explicação científica encontrada por Jerry Siegel e Joe Shuster em Superman #1, de 1939, para tornar mais plausíveis os grandes saltos que o herói dava em suas primeiras histórias, algo que mais tarde foi substituído pela conveniente explicação de que seus poderes eram devido à radiação solar. Portanto, nesta versão, Jor-El também já sabia dos efeitos que um sol amarelo teria sobre o corpo do filho.
Ao contrário das versões anteriores, nesta a nave de Kal-El é encontrada pelo governo logo apósMartha e Jonathan Kent levarem consigo a criança que ela carregava. O veículo espacial é mantido por 20 anos num laboratório militar onde é estudado por cientistas até o Superman reencontrá-la quando é preso lá e submetido a testes em Action Comics #2. Talvez seja uma idéia que Morrison pegou emprestada da série Poder Supremo, concebida para a Marvel Comics por J. Michael Straczynski como uma reimaginação mais “realista” e madura da Liga da Justiça. Nela o escritor tentou prever como seria o surgimento destes heróis num mundo como o nosso, cheio de conspirações governamentais, descrença e cinismo.


As intenções de Brainiac e a natureza de sua identidade só ficam claras quando ele transforma a Cápsula de Fuga numa bala que o Superman atira contra o Colecionador para derrotá-lo. Em questão de segundos Brainiac age como um anti-vírus que isola a I.A. do Colecionador na Cápsula de Fuga (ironicamente convertida em prisão), e usa a porção de si mesmo que o Colecionador copiou em seu “assalto/coleta” em Krypton para acessar de dentro pra fora sua programação, e assim reprogramá-lo/assimilá-lo.
FORTALEZA(S) DA SOLIDÃO
Na cronologia pré-Novos 52 o Superman chegou a ter mais de uma Fortaleza da Solidão, um detalhe que Grant Morrison não ignorou, e fez questão de incorporar em sua versão da mitologia do herói, a fim de torná-lo ainda mais “super”.
Eis a relação das que o autor apresentou em sua passagem por Action Comics:
A Fortaleza Espacial (ex-Nave do Colecionador de Mundos)
Após a derrota do Colecionador, Brainiac assume o controle da nave, transformando-a na primeira Fortaleza da Solidão do Superman. Além disto, ele continua usando a conexão estabelecida entre o Colecionador e as redes de informação da Terra para ter acesso a satélites e à internet, tornando-se um só com eles. Assim ele passa a servir como um Big Brother a serviço do Superman, assumindo a mesma função que exercia em Krypton: monitorar a saúde do planeta.
A Fortaleza da Antártida
Fica implícito que a Fortaleza da Solidão da Antártida é obra de Brainiac, pois é constituída depedras solares kryptonianas, o mesmo material inteligente de que é feita a couraça da Cápsula de Fuga. Portanto, da mesma forma que a chegada de Kal-El à Terra plantou a “semente” da Era dos Superhumanos, as pedras solares da Cápsula de Fuga controladas por Brainiac plantaram uma porção de Krypton na Terra.
O exterior da Fortaleza da Antártica lembra muito o palácio de vidro construído pelo Dr. Manhattan quando foi para Marte em Watchmen, embora a arquitetura, que lembra galhos e folhas, remeta a Krypton.
Grant Morrison também tomou a liberdade de inserir artefatos na Fortaleza da Antártica sem explicar a origem deles, deixando a tarefa para os próximos autores de Action Comics. Eis a relação de itens presentes nela (segundo o que é visto em Action Comics #13):
- um martelo que talvez seja o do Thor da DC;
- um hipercubo verde;
- uma barra de metal com a qual foi feita um nó;
- o Titanic e o ônibus espacial vistos na Fortaleza da Solidão de Grandes Astros Superman;
- as estátuas de Jor-El e Lara segurando Krypton, semelhante ao titã Atlas;
- o traje do Superman Elétrico. Talvez um indício de que, no ponto do tempo em que a história ocorre, o herói também passou um período com o corpo convertido em energia pura, devido ao excesso de energia solar acumulada, que o obrigou a usar um traje especial para conter seus poderes.
A Base de Yucatan
Em Action Comics #15 descobrimos que o Superman tem outra fortaleza em Yucatan, uma reminiscência das histórias do personagem pré-Crise Infinita. Nesta rápida aparição, poucos os detalhes a seu respeito são revelados.
O “NASCIMENTO” DE CLARK KENT
Jonathan e Martha Kent formavam um casal relativamente feliz, exceto por enfrentar um dos piores dramas que podem ocorrer com recém-casados: a dificuldade de conceber uma criança. Muitas foram as tentativas e os tratamentos até Martha conseguir engravidar pela primeira e única vez. Mas o destino novamente foi cruel com o casal quando Martha teve um aborto espontâneo. Tudo mudou quando um bebê literalmente caiu do céu na vida do casal. Neste dia Clark Kentnasceu.

Sua infância e adolescência na pacata Smallville também foi fundamental para que Clark desenvolvesse empatia pelos terráqueos, mesmo que na época ele não soubesse que era um alienígena. Sua amizade com Pete Ross, e sua paixão porLana Lang permanecem nesta versão.
Apesar de Morrison ter traçado as linhas gerais, muito da importância do núcleo de personagens de Smallville sobre a formação da personalidade de Clark/Superman foi melhor desenvolvido por Sholly Fisch, nas histórias de apoio que passou a escrever nas páginas finais de Action Comics a partir da edição 4. Em Action Comics #6 o autor escreveu o que poderia perfeitamente ser uma continuação espiritual de Superman – As Quatro Estações deJeph Loeb. A história é cheia de pequenas cenas mais afetivas da infância e adolescência de Clark na fazenda ao lado dos pais, e dos amigos Lana e Pete, feitas sob medida para ajudar o leitor a relacionar-se intimamente com o herói através dela.
Um detalhe que descobrimos num trecho que se passa na adolescência de Clark é que ele, apesar de saber que é um alienígena, não tinha idéia do significado do símbolo da capa que o cobria quando chegou à Terra. Foi Jonathan Kent que sugeriu a ele dar um significado ao símbolo, usando seus poderes para fazer o bem e inspirar pessoas. Mais tarde esta sugestão se converte numa promessa, quando Jonathan pede a Clark, em seu leito de morte, que ele defenda os oprimidos como uma força do bem.
E este é um dos principais acréscimos de Grant Morrison em sua nova mitologia, tanto Jonathan quando Martha morrem num “acidente” de automóvel pouco antes de Clark se mudar para Metrópolis, aumentando o peso da importância de ambos na vida do rapaz, e no rumo que ele escolhe dar para ela. A causa do acidente é um ponto que foi mais profundamente abordado por Morrison na trama maior que percorreu toda a sua passagem pelo título, sobre a qual falarei na parte 5 desta série. Por enquanto basta dizer que não foi fruto do acaso.
KRYPTONITA(S)
A versão mais conhecida da origem da kryptonita dizia que ela é um fragmento de Kryptonirradiado durante a explosão que destruiu o planeta. As explicações sobre como ela chegou à Terra variavam entre dizer que ela veio vagando pelo espaço até um dia cair em nosso planeta, até a versão mais “elegante”, na qual a explosão de Krypton joga a pedra na direção do buraco de minhoca usado pela Cápsula de Fuga para viajar até a Terra. Por isto ela chegou ao mesmo tempo que o futuro Superman ao nosso planeta, sendo, anos depois, encontrada por caras como Lex Luthor.

Durante o roubo perpetrado pelo Exército Anti-Superman, em Action Comics #5, é sugerido que sua radiação não é letal apenas para kryptonianos, mas para qualquer pessoa, ao contrário da maioria das versões da pedra, o que faz perfeito sentido.
Outro detalhe definido por Morrison é que não há variantes naturais da kryptonita original. Todas as versões em outras cores, como a vermelha e a azul, são derivados sintéticos da pedra original extraída do Casulo de Fuga de Kal-El.
Semana que vem: Amigos, Super-Amigos, Pais Bondosos e um Super-Cão.
Fonte:NERDGEEKFEELINGS
Superhomempode ter filhos e terá,emamae e Papai e avos ,e Avos, sogros e sogras genros e noras e cunhados ecunhadas,irmasirmos mae ,filhos e filhas e netos e netase bi.televisao,comp,etelef.e amigos e amigas.de volta enovosenovas, inteligência,estudo e mae pra sempre cachorrinho também pra sempre.Filhos biológicos filhas e espirituais e paipra sempre e crialos e tudo omais ecarros e ser Medico,judo,jiu-jitsu pretaaikido karate,fazer bem aos parentes e amigos e inimigos,amem,pela paz.
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